Perfil Hematológico na Infecção por Influenza: Implicações Clínicas e Terapêuticas

Por: Amanda Gonçalves dos Reis

Biomédica CRBM3, - 15659, formada pelo Centro Universitário Una. Habilitada em Análises Clínicas. Pós Graduanda em Engenharia Biomédica. Executiva de Vendas na Empresa Diagno - Soluções em Diagnóstico

A gripe, infecção viral respiratória aguda, é uma das doenças mais comuns e impactantes em todo o mundo (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION, 2021). Causada pelo vírus Influenza, pertencente à família Orthomyxoviridae, é capaz de afetar milhões de pessoas por ano, resultando em considerável morbidade e mortalidade. A gripe é uma infecção respiratória comum, caracterizada por sintomas como febre, tosse, dor de garganta, dores musculares e fadiga. Embora os sintomas respiratórios sejam predominantes, estudos recentes demonstram também o desencadeamento de alterações hematológicas, o que pode influenciar no curso clínico e na gravidade da doença (Lee et al., 2011)

Durante a infecção, uma série de alterações hematológicas podem ocorrer, as quais podem incluir:

Leucopenia: caracteriza-se pela redução do número total de leucócitos no sangue periférico. Esse fenômeno pode estar relacionado à migração de células inflamatórias para o local de infecção e a uma resposta imunológica exacerbada. A leucopenia pode aumentar o risco de infecções secundárias e complicar o curso da doença (CUNHA et al., 2008).

Linfopenia: caracterizada pela diminuição do número de linfócitos no sangue periférico. Os linfócitos desempenham um papel crucial na resposta imunológica, e a linfopenia pode levar a uma redução na resposta imunológica adequada, tornando o paciente mais suscetível a infecções secundárias e a complicações (CUNHA et al., 2008).

Trombocitopenia: caracteriza-se pela diminuição do número de plaquetas no sangue periférico. Pode resultar em distúrbios hemorrágicos e aumentar o risco de complicações tromboembólicas (CUNHA et al., 2008).

As alterações hematológicas na gripe têm implicações clínicas significativas. A leucopenia e a linfopenia podem estar associadas a um maior risco de infecções secundárias e complicações, como pneumonia bacteriana (CUNHA et al., 2008).

Vários mecanismos podem contribuir para as alterações hematológicas observadas na gripe. Durante a infecção, o vírus desencadeia uma resposta inflamatória sistêmica, resultando na liberação de citocinas pró-inflamatórias, como: fator de necrose tumoral alfa (TNF-α), interleucina-6 (IL-6) e interleucina-1 beta (IL-1β). Essas citocinas podem afetar diretamente a medula óssea, local onde ocorre a produção das células sanguíneas, levando a alterações nas séries dessas células (CHOTPITAYASUNONDH T et al., 2005).

De acordo com Cunha et al. (2008) o tratamento da gripe geralmente é baseado em medidas de auxílio, como repouso e hidratação adequada. No entanto, em casos graves, especialmente quando há complicações hematológicas significativas, pode ser necessário o uso de terapias específicas, como transfusões de sangue ou plaquetas, para corrigir as alterações hematológicas e prevenir complicações adicionais.

A compreensão das alterações hematológicas na gripe é crucial para a identificação precoce de complicações potenciais e para a implementação de estratégias terapêuticas adequadas. Monitorar regularmente os níveis de células sanguíneas durante a infecção por gripe pode ajudar a avaliar a gravidade da doença e guiar o manejo clínico. Além disso, é importante ressaltar que as condições hematológicas anormais na gripe geralmente são transitórias e resolvem-se com a recuperação do paciente. No entanto, em casos graves ou em pacientes com condições subjacentes, essas alterações podem persistir ou agravar-se, exigindo intervenções terapêuticas adicionais (OSTERHOLM MT et al.,2012).

Segundo Lee et al. (2011), apesar dos avanços na compreensão dos distúrbios hematológicos na gripe, ainda há questões que requerem investigação adicional. Estudos futuros podem explorar a associação entre as anormalidades hematológicas e o prognóstico da gripe, bem como investigar estratégias terapêuticas mais específicas e eficazes para o manejo dessas alterações.

Em conclusão, as alterações hematológicas na gripe são um aspecto importante a ser considerado durante a avaliação e o manejo da infecção (CUNHA et al., 2008). A compreensão dessas alterações pode auxiliar os profissionais de saúde na identificação precoce de complicações e na adoção de abordagens terapêuticas adequadas, visando uma recuperação bem-sucedida dos pacientes afetados pela gripe.

Referências:

  1. Cunha BA, Syed U, Mickail N, et al. Community-acquired methicillin-resistant Staphylococcus aureus pneumonia: importance of empiric therapy with vancomycin. Am J Med. 2008;121(6):507-512. doi:10.1016/j.amjmed.2008.02.013

  1. Lee N, Wong CK, Chan MC, et al. Cytokine response patterns in severe pandemic 2009 H1N1 and seasonal influenza among hospitalized adults. PLoS One. 2011;6(10):e26050. doi:10.1371/journal.pone.0026050

  1. Osterholm MT, Kelley NS, Sommer A, Belongia EA. Efficacy and effectiveness of influenza vaccines: a systematic review and meta-analysis. Lancet Infect Dis. 2012;12(1):36-44. doi:10.1016/S1473-3099(11)70295-X

  1. Chotpitayasunondh T, Ungchusak K, Hanshaoworakul W, et al. Human disease from influenza A (H5N1), Thailand, 2004. Emerg Infect Dis. 2005;11(2):201-209. doi:10.3201/eid1102.040718

  1. Centers for Disease Control and Prevention. Influenza (Flu). Updated November 30, 2021. Accessed December 15, 2021. [https://www.cdc.gov/flu/index.htm]