O vírus da dengue é um arbovírus do gênero Flavivirus, a doença é considerada a mais importante dessa classe, visto que em uma estimativa global sugere que cerca de 50 a 200 milhões de casos de dengue ocorram anualmente, culminando em cerca de 20 mil mortes. A dengue possui quatro sorotipos denominados DEN-1 a DEN-4, sendo o mais virulento o DEN-3.
No Brasil há registros de aumento dos casos nos primeiros meses do ano, nesse período ocorre um aumento de fatores que são cruciais para o desenvolvimento do mosquito como humidade e temperatura. (VIANA, Dione Vieiro e IGNOTTI, Eliane - Revista Brasileira de Epidemiologia, 2013).
A dengue é uma doença infecciosa transmitida por meio da picada do mosquito fêmea pertencente do gênero Aedes, sendo a espécie transmissora mais comum a Aedes aegypti. Os sintomas mais comuns são febre alta, dor de cabeça, mialgia, artralgia, dor retro-orbitária e rash cutâneo. Nos casos mais graves, além da febre alta e trombocitopenia, pode ser observado tendências hemorrágicas.
Em casos de suspeita de dengue, o exame hemograma é recomendado. A abordagem do paciente com dengue deve seguir uma rotina de anamnese e exame físico. Os dados de anamnese e exame físico serão utilizados para estadiar os casos e para orientar as medidas terapêuticas cabíveis. (MINISTERIO DA SAÚDE, 2007).
O vírus da dengue multiplica-se rapidamente no organismo, o ciclo de replicação viral inicia-se nas células estriadas, lisas, fibroblastos e linfonodos, atinge as paredes dos vasos sanguíneos, causando diminuição das plaquetas, dessa forma afetando a coagulação do sangue. Os vasos sanguíneos tornam-se mais porosos, ocasionando perda de proteínas e água do sangue. (ORTRUD Monika Barth - FIOCRUZ, 2000).
Em um hemograma de um paciente diagnosticado com dengue, pode ser observado leucopenia (leucócitos < 4,0 x 109 /l) com linfocitose e atipia linfocitária, o número de plaquetas pode estar normal ou diminuído. No caso de dengue hemorrágica ocorre plaquetopenia (plaquetas < 100.000 plaquetas/mm³) que se deve à ação autoimune causada por anticorpos induzidos pela infecção do vírus da dengue e elevação do hematócrito.
Além do hemograma, há outros meios de diagnóstico, como a prova do laço, também conhecida como prova do torniquete, prova de Rumpel-Leede ou simplesmente teste de fragilidade capilar, deve-se avaliar a quantidade de pontos avermelhados, chamados de petéquias, dentro do quadrado na pele para saber o resultado do teste (MINISTERIO DA SAÚDE, 2016). Também há o diagnostico sorológico, a técnica mais usada é o ELISA, o teste de captura de antígeno por ELISA, realiza a captura de um antígeno específico viral como a NS1 que é uma glicoproteína não estrutural, essencial à replicação viral. Durante a fase aguda da infecção, a NS1 é encontrada circulando no soro de pacientes em concentrações detectáveis por métodos imunológicos, sendo considerado atualmente como um marcador de infecção pelo vírus da dengue antes do aparecimento dos anticorpos das classes IgM e IgG, permitindo detecção precoce do vírus, 24 horas após o início dos sintomas, além de ser encontrado nas infecções primárias e secundárias (Fleury, 2017). Outro meio de diagnóstico é o coagulograma, ela apresenta-se geralmente com aumento nos tempos de protrombina, tromboplastina parcial e trombina. Diminuição de fibrinogênio, protrombina, fator VIII, fator XII, antitrombina e α antiplasmina (CORREIA, 2008).
O período de incubação do vírus no mosquito é de 3 a 10 dias e no ser humano varia de 3 a 15 dias, quando apresentado sintomas de suspeita de dengue, deve ser avaliado por um médico. Caso obtenha-se a confirmação do diagnostico por meio dos exames solicitados, deve-se iniciar o tratamento com muita hidratação, repouso e o uso das medicações prescritas pelo médico como antitérmicos, analgésicos, protetores gástricos e atualmente também podemos contar com a vacinação. Em março de 2023, por meio da Resolução RE 661/23, a ANVISA aprovou a vacina para prevenção da dengue. A vacina Qdenga, da empresa Takeda Pharma Ltda., é composta por quatro diferentes sorotipos do vírus causador da doença, conferindo assim uma ampla proteção contra a dengue.
O produto está destinado à população pediátrica acima de quatro anos, adolescentes e adultos até 60 anos de idade. O imunizante estará disponível para administração via subcutânea em esquema de duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações. O valor de eficácia global da vacina, que é o objetivo primário do estudo clínico apresentado, atingiu o patamar de 80,2%. (ANVISA, 2023).
A dengue é um grande problema de saúde pública devido ao seu espalhamento alarmante e sua rápida procriação. Infelizmente nos dias atuais este vírus continua a afetar milhares de brasileiros devidos aos numerosos “criadouros” do vetor espalhados. Sabe-se que a dengue causa alterações hematológicas como leucopenia, plaquetopenia, linfocitopenia e em casos mais graves pode levar ao óbito. Sabendo disso, cabe a população se conscientizar, avaliando meios para evitar que haja o acumulo de águas em lugares oportunos à procriação e os estados e municípios reforçarem medidas de fiscalizações e incentivarem a vacinação.
Amanda Albuquerque Bicalho
Biomédica, formada no Centro Universitário de Belo Horizonte. Habilitada em análises clínicas. Pós graduanda em hematologia e imunologia. Pesquisadora Júnior na empresa Diagno - Soluções em diagnóstico.
Ingrid Lopes de Almeida
Graduanda em biomedicina no Centro Universitário Una. Assistente de Pesquisa e Desenvolvimento na empresa Diagno - Soluções em diagnóstico.